Páginas

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os Ciclos e a Evolução

aA vida é repleta de sinais claros sobre como devemos nos portar e agir para evoluir. Mas vejo pessoas questionando qual o seu verdadeiro caminho, o que devem fazer para cumprir sua missão, aquilo que foi acordado no astral. E a resposta sempre é muito simples: VIVER de forma natural e tranqüila, compreendendo quais são nossas reais conquistas, já que somos eternos.

Geralmente, quando caminhamos rumo a nossa evolução estamos tranqüilos e conscientes de que nunca estamos sós. Podemos ter muitos afazeres, mas os realizamos alegre e calmamente. Alguns ‘adultos' perderam o prazer de viver, pois acreditam que somente sofrendo estão trabalhando. Acham que a maturidade é penosa, que todas as crenças e aprendizados de sua infância e juventude eram ilusões inúteis. Estão em desentendimento com eles mesmos.

A evolução é como uma escada, cada degrau apóia o próximo. Como chegar ao Céu sem valorizar o mais simples degrau próximo a Terra. Impossível. Esta estrutura é interna ao nosso Ser. Em cada fase de nossa vida aprendemos o que é necessário para fortificar nossos degraus, solidificando assim nossa escada. O que aconteceria se a cada nova fase nós destruíssemos os degraus anteriores?

819554O que passamos (em uma só experiência) neste plano material: encarnamos, nascemos, crescemos, amadurecemos, envelhecemos e desencarnamos, este é o ciclo mais utilizado. Vamos falar sobre cada fase natural (bem resumido):

• Encarnar: nosso espírito é preparado para acoplar em um corpo físico, que nos foi gerado por um pai e uma mãe, percebemos o que nos rodeia, mas como nossa consciência foi nublada não compreendemos, apenas absorvemos;

• Nascer: após algum tempo, quando já estamos devidamente harmonizados com nosso novo corpo, nascemos. Muitas sensações, contato com o mundo denso e nossa semi-consciência vai adaptando nossos sentidos, buscando interpretar o que nos cerca. Somos instintivos;

• Crescer: num primeiro momento somente conseguimos assimilar aquilo que é concreto, que é real aos cinco sentidos básicos (tato, olfato, paladar, audição e visão), ainda estamos aprendendo a lidar com nosso corpo. Temos uma percepção de quais sensações nos agradam e quais não. Esta dualidade vai aprimorando nossos sentimentos. Somos intuitivos. Em seguida passamos a perceber as emoções; descobrimos que entre os extremos existem nuances (ex.: entre o branco e o preto, existem muitos tons de cinza; entre o grande e o pequeno...; entre o doce e o amargo..., etc.). Nos tornamos sensitivos, e começamos a perceber o sentimento daqueles que nos cercam, conseguimos interagir socialmente de forma mais clara, e com muita ingenuidade. Até aqui somos guiados pelos, teoricamente, mais experientes;

• Amadurecer: trilhamos nossos caminhos, tentando harmonizar os nossos sentidos com os daqueles que nos cercam. Não somos mais totalmente guiados, e ter que descobrir o próprio caminho gera grandes incertezas: “qual a melhor decisão?”, “será que estou correto?”. Quando alguém não compreende nossas dúvidas, ficamos irritados, e até revoltados. Mas a vida continua e vamos aprendendo a lidar com as decisões. Nos fortificamos. Chegamos a um ponto em que acreditamos poder decidir pelos outros, mas isto faz parte de nossa evolução, ainda não sabemos tudo o que precisamos. A vida bem ‘vivida' nos proporcionará. Este é o momento de ter a experiência de ser pai ou mãe e aprender a “amar ao próximo como a si mesmo”, respeitando o livre arbítrio do outro, função primordial da criação. E vem a flexibilidade;

• Envelhecer: a memória revisita nossos caminhos, nossas decisões e passamos a compreender melhor nossas trajetórias. Nossas consciências ganham um grande impulso. Isto ocorre quando continuamos percebendo nosso instinto, intuição, sentimento e força, com flexibilidade e respeito por tudo e todos que nos cercam. Atingindo a sabedoria, que ‘somente' é: conhecer de forma equilibrada e ordenada, com amor e respeito, o que fazer para gerar no outro aquilo que já foi gerado em si mesmo;

• Desencarnar: ao vivenciar tudo o que é necessário para o nosso aprimoramento (alguns sequer precisam passar por todo o ciclo), desencarnamos e voltamos ao plano espiritual, levando conosco nossas verdadeiras conquistas, nossa escada com mais alguns sólidos degraus.

Reencarnar é uma forma de nossa consciência revisitar nossas fases. Assim temos a oportunidade de, em poucos anos, passar por experiências que poderiam levar séculos ou milênios no astral. A vida do encarnado ‘imita' as fases da vida espiritual (nascer, crescer, amadurecer, etc.). Pois um dia fomos gerados por nossos Pais e Mães Orixás Ancestrais, e evoluímos passando pelos planos: fatoral, essencial, elemental, dual, encantado, até chegar aqui no plano natural e no futuro atingir o celestial.

desencarnaçãoO quando chegaremos lá não é importante e vai depender de nossas realizações. O senso comum costuma dizer que a idade faz a transição de fase. Isto é um erro grave. Não é a quantidade de tempo que passamos em cada fase que nos diz quando podemos ir para a próxima, mas a qualidade daquilo que realizamos e aprendemos.

Durante a vida podemos nos traumatizar, nos amarrar em determinada fase, impedindo o progresso natural para a próxima. O que demonstra uma falha na construção de um degrau. Assim nas giras de Umbanda apresentam-se entidades que trazem de forma potencializada, a consciência e a energia de cada fase de nossa evolução. E se nos permitirmos interagir com estas entidades, os laços que nos impedem de viver plenamente serão desatados. De acordo com nossos merecimentos e nossas necessidades. Sem milagres.

Por exemplo: as crianças que se apresentam na Umbanda, são espíritos Encantados (5º Plano da Vida), ou que no máximo, encarnaram duas vezes, mas nunca atingiram o amadurecimento. Estes espíritos irradiam uma energia muito pura, trazem a verdadeira ingenuidade, desagregam os negativismos daqueles que ‘brincam' com eles. Liberando centros energéticos nos corpos físicos e espirituais, permitindo a evolução sustentada.

Tudo tem um real motivo. Ao seguir nossa Paz interior, observando o que nos rodeia, compreendemos que nada é acaso. Valorizamos todos os detalhes. Priorizamos a forma com que trilhamos o caminho, como construímos nossa escada. Com prazer elevamos nossas conquistas e auxiliamos outros a subirem, nos tornando verdadeiros instrumentos de Deus.

Autor: Alexandre N. Gimenez

Leia Mais ►

sábado, 12 de novembro de 2011

PANTERA NEGRA, EXU OU CABOCLO?

1433panteraNo rico universo místico da Umbanda, existem entidades pouco conhecidas e estudadas. Com o tempo, é natural que algumas delas sejam esquecidas por nós. Uma delas é Pantera Negra, celebrado por uns como caboclo e por outros como exu.

Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando muito terreiro era de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e cuspia no chão.

Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem apertado o consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria mesmo é trabalhar.

O tempo foi passando e raramente o encontramos nos centros, tendas e outros agrupamentos de nossa Umbanda. Aonde terá Seu Pantera ido ?

O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado nos mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de Caboclos que atuam na Esquerda.

Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos brasileiras muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do Caribe, Venezuela, México e mesmo dos Estados Unidos.

Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, as vezes gostam de marcar seus "cavalos", ordenando que coloquem na orelha uma pequena argola e no braço uma espécie de pulseira de ferro.

Ainda costumam receber suas oferendas em encruzilhadas na mata, na vizinhança de uma grande árvore. Podem ser assentados em potes de barro com ervas especiais, terra de aldeia indígena e outros elementos secretos, que são consagradas por sacerdotes iniciadas nos mistérios destes espíritos. Pai Lúcio ainda dizia, que a maioria dos médiuns destes caboclos são homens.

Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são : Caboclo Pantera Vermelha, Caboclo Jibóia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e Caboclo do Monte.

Alguns irmãos umbandistas conhecem estes trabalhadores astrais, com o nome de Caboclos Quimbandeiros.

CABOCLO DE OGUM 5Pantera Negra aparece como caboclo e exu, mesmo fora da Umbanda. Na região Sul do Brasil, principalmente, o encontramos dentro de um grupo muito especial, chamado de Caboclos Africanos. Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de Arranca-Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano, entre outros. A maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos Caboclos Quimbandeiros, sendo confundidos com frequência.

Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o mesmo Pantera. Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidos e no Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo, Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.

Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez dezesseis anos, sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou. Aconselhado por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da iniciação a seu Orixá, como de costume no Caribe, foi celebrado um ritual em honra aos ancestrais (eguns). Na celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo... Batia muito no seu magro peito e vociferava como se estivesse em uma guerra. Quando foi pedido o seu nome, disse o indígena : sou Pantera Negra !

Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera, como o querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.

No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra pantera e não mais como índio.

A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé, onde era celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre desta linhagem, contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai pantera e mãe humana. gassou é muito temido, pois é profundamente justo e não perdoa os fracos de caráter. Poucos médiuns conseguem suportar a incorporação dele ou de outros espíritos da família das panteras. É necessário muita preparação, firmeza de pensamento e moralidade. Do contrário, e isto realmente acontece, o médium começa a sangrar muito durante a incorporação.

É terrível. Em outras ilhas do Caribe, também encontramos seguidores de Pantera Negra. Alguns o invocam como espírito indígena e outros como uma força africana, meio homem, meio felino.

No Brasil, ouvi as mesmas recomendações de pessoas que cultuam ou trabalham com Pantera Negra. Pai Lúcio me disse, que os aparelhos de Seu Pantera não costumavam beber, falar demais ou serem covardes. Eram disciplinados, verdadeiros guerreiros modernos. Em certos rituais de Pajelança Cabocla, podemos ouvir o bater incessante do maracá e o chamado do pajé, que canta :

YAWARA Ê !

YAWARA Ê !

HEY YAWARA,

YAWARA PIXUNA,

PIXUNA Ê, YAWARA,

YAWARA, YAWARA !

Yawara Pixuna, quer dizer Pantera Negra. Alguns traduzem como Onça Negra. O canto acima, pode ser utilizado para afastar espíritos maléficos, que fogem ao ouvir este nome mágico. Caboclo ou Exu, Pantera ou Onça, brasileiro ou estrangeiro, ele é mais um mistério que Zambi animou. O tempo passa, mas Pantera Negra ainda persiste. SALVE PANTERA NEGRA!

Autor: Ras Agdeabo

Leia Mais ►