Lendas de Exu–Parte III

Continuando …

Segue a última lenda que tenho conhecimento que é A Lenda da fome voraz de Exu.

Exu com a fome insaciável

Orumilá teve um filho e esse filho era Exu. Exu nasceu com muita fome, Exu comia de tudo, tudo o que via pela frente, tudo o que tinha de comer Exu comeu. Então depois, Exu passou a comer tudo o que era presente naquela realidade, comia cadeira, mesa, porta...Orumilá, já sem saber o que fazer, foi até Olorun e expôs a questão de um filho que nasceu com tamanha voracidade que comia tudo o que via pela frente e Olorun disse a Orumilá que fizesse uma oferenda a Ogum, levasse uma espada, consagrasse essa espada de frente a Ogum e voltasse pra casa com a espada empunhada em mão. Ao chegar a casa Exu já havia comido tudo, nada havia sobrado com a sua voracidade
Exu comeu tudo e engoliu a própria mãe, o que os faz lembrar até alguns mitos da cultura Grega em que as divindades também engolem umas as outras, o que tem também um simbolismo enorme. O fato mitológico é que Orumilá ao chegar a casa e ver que Exu comeu tudo inclusive a mãe, Orumilá persegue Exu com a sua espada e Exu foge para o Orun, o céu, e Exu percorre os 9 Oruns, os 9 céus, fugindo de Orumilá. Os 9 Oruns onde se encontram todas as divindades, todos os Orixás. Onde Exu passa, Ele vai se multiplicando.
Exu encontra Ogum e ao passar por Ogum fica ali como se fosse um clone de Exu. Exu deixa os 9 Oruns repletos de Exus, de vários Exus, Exus na vibração de todos os Orixás, Exus na entrada, na porta, no salão, em tudo quanto é lugar há Exu. Exu percorre e toma o conhecimento de tudo o que há nos 9 Oruns. Exu se relaciona com todos que se fazem presentes em todos os Oruns e quando chega ao último Orun Exu se desculpa a Orumilá, devolve a mãe e se oferece para servir a Orumilá.

Trecho retirado da Aula 3 do Curso de
Exu Ministrado por Alexandre Cumino

E assim termina o Bloco Exu de lendas!

Até a próxima =D

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Lendas de Exu–Parte II

Continuando o “Bloco” Exu …
A próxima lenda é a de Exu e os dois amigos.

Exu  e os dois amigos

Essa lenda diz que esses dois amigos eram muito queridos um ao outro, eles tinham uma fidelidade muito grande e um era para o outro a pessoa mais importante do mundo, a pessoa mais querida, então se tinha alguém à quem eles davam importância era a presença de um na vida do outro, essa amizade.
A segunda lenda é que eles também não faziam oferenda a Exu, o que quer dizer, eles só se importavam um com o outro e de certa forma deixando de lado, esquecendo a presença da divindade em nossa vida já que Exu aqui representa o sagrado na vida do ser. Diz que os dois amigos eram proprietários de terras vizinhas, em algum momento estavam conversando na divisa da terra, bem na linha em que separava uma propriedade e outra, de tão queridos e amigos nem cerca eles tinham, então um estava conversando com o outro inclusive com as ferramentas de trabalho de uma forma bem distraída. Diz que Exu passa no meio dos dois com um chapéu na cabeça, metade branco e metade vermelho e diz que naquele momento que Exu passa um amigo fala para o outro: “você viu aquele homem com chapéu vermelho?” e o outro responde “chapéu vermelho não, ele estava com chapéu branco.” Por causa dessa diferença do ponto de vista diz que os dois amigos discutiram, brigaram e se mataram segundo essa lenda, esse mito.

Trecho retirado da Aula 2 do curso de
Exu Ministrado por Alexandre Cumino

Continua no próximo post …

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Lendas de Exu

Caro leitor,

Após publicar vários textos como argumento para fazê-lo entender que Exu não é o diabo, e sim uma entidade que trabalha para o Bem. Agora publicarei as lendas que conheço de Exu, esse guardião, esse melhor amigo, esse ser tão iluminado que nos protege, nos ensina e nos ajuda.

A primeira que publicarei será a lenda: Exu recomenda a paciência. Por conta de serem algumas lendas e geralmente são compridas, para não ficar cansativo dividirei em um número de postagens que fique uma leitura limpa e tranquila.

Exu recomenda a paciência

Olorun tinha um filho chamado Igun. Ele tinha cinco deficiências: uma na cabeça, braços, peito, costas e nos pés. Igun tinha várias dificuldades e ninguém dava jeito em Igun, então Olorun resolveu enviar Igun a terra, ao aiê.
Igun passa a morar no aiê ao lado de uma encruzilhada e nesse mesmo período, Orumila que é o adivinho ou a divindade do oráculo, vinha procurando de alguma forma encontrar a sorte e por meio de Ifá. Orumila foi recomendado a fazer cinco oferendas onde ele colocaria um frango quentinho, preparado, prontinho como se fosse comer. Ia colocar durante cinco dias na encruzilhada oferecido a Ifá pedindo a sorte. E ali todos os dias Orumila levava o frango à encruzilhada, ajoelhava, fazia suas rezas, orações e pedia que a sorte viesse até ele.

Igun estava ali assistindo isso. Depois que Orumila vai embora, Igun vai até o local da oferenda e come o frango. Ao comer o primeiro frango Igun se curou do problema que ele tinha na cabeça, vamos dizer, das suas dores de cabeça. No segundo dia Orumila leva mais um frango, oferece o frango (essas oferendas no Culto de Nação também são chamadas de ebó), e pede sorte. Orumila vai embora, Igun come esse segundo frango e se cura dos braços. No terceiro dia mais um frango, Igun come e cura da doença que tinha no peito. No quarto dia Igun come o frango, Orumila pede sorte e Igun se cura do problema que tinha as costas.
No quinto dia, a última oferenda de Orumila, Igun come o frango e cura do problema que ele tinha nos pés, Igun fica totalmente curado. Esse mito já nos diz alguma coisa: que quando eu peço algo para mim e peço para as divindades, me relaciono com as divindades, de alguma forma aquilo que eu estou recebendo também é multiplicado por aqueles que estão a minha volta. Igun volta para o Orun, encontra seu pai Olorun e relata a Olorun o que aconteceu, que ele foi curado graças às oferendas de Orumila. Então Olorun separa alguns presentes para Igun levar ao Orumila e Orumila deveria escolher entre esses presentes e entre eles, Olorun pede para que ele leve a longevidade, a fertilidade, riquezas e paciência.
Então lá vai Igun levando esses presentes, vai à procura de Orumila, diz o que aconteceu e diz que seu pai enviou os seguintes presentes para que escolhesse um: longevidade, fertilidade, riqueza e paciência. Orumila diz: “eu não posso escolher esse presente sozinho, eu preciso consultar as minhas esposas, aos meus filhos, meus irmãos e meu melhor amigo.” Então Igun se disponibiliza, vai até a casa de Orumila, onde ele encontra as esposas e pergunta qual dos presentes deveria escolher. As esposas recomendam que ele escolha fertilidade para que elas tivessem muitos filhos; eles perguntam aos próprios filhos qual presente deve escolher, e os filhos dizem para escolher a longevidade para que ele viva muitos anos junto deles; pergunta aos irmãos qual o presente ele devia escolher e os irmãos dizem para escolher as riquezas para dividirem com eles e por fim, vai perguntar ao seu melhor amigo, o melhor amigo de Orumila, ou seja, o melhor amigo daquele que conhece o passado, o presente e o futuro: Exu. E Exu diz a Orumila: “O melhor presente é a paciência, escolha paciência.”
Ele se espanta e pergunta “mas a longevidade, a riqueza e a fertilidade e eu vou escolher paciência ?” Ele diz “sim, às suas esposas diga que já tem filhos o suficiente, aos seus filhos diga que a ordem natural é que os filhos vivam mais que os pais e aos seus irmãos diga que cada um deve trabalhar e promover o próprio sustento e a você fique com a paciência que é a melhor qualidade e o melhor que alguém pode carregar na jornada nesse mundo.” E assim Igun também fica surpreso, entrega a paciência para Orumila e vai voltando para o Orun. No meio do caminho a longevidade para e pergunta para Igun onde é que está à paciência e ele diz que a paciência ficou com Orumila; a longevidade diz: “se a paciência ficou com Orumila, eu também quero estar Lá”, e foi embora.
Igun se assustou, caminhou mais um pouco e a riqueza perguntou onde estava a paciência. Igun disse: “A paciência está com Orumila.” Então ela diz que a sua própria existência é a paciência e dessa forma os outros três presentes resolveram voltar e ficar com Orumila. Orumila ao escolher paciência também recebeu longevidade, riqueza e fertilidade. Igun volta para o Orun, encontra o seu pai e, não sabe o que dizer, explica para o pai que Orumila escolher um presente mas no caminho de volta todos os outros presentes quiseram voltar e ficar com Ele. Olorun explica que se Orumila tivesse escolhido riqueza ficava apenas com riqueza, se tivesse escolhido longevidade ficava apenas com longevidade e se estivesse escolhido fertilidade ficaria somente com a fertilidade, mas aquele que escolhe paciência recebe todas as outras qualidades, todos os outros atributos, todas as outras virtudes, todos os outros presentes são oferecidos e recebidos por aquele que escolhe pela paciência.

Trecho retirado da
Aula 1 do Curso de Exu
Ministrado por Alexandre Cumino

Mais lendas nos próximos posts …
Continua …

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