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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu quero ser o padrinho

exuzepilintraCerta vez li em uma revista de Umbanda, cuja não lembro o nome agora, um relato curioso sobre Zé Pelintra.

Vamos a ele.

Contava que uma mulher, Maria, ia em um terreiro, cujas giras eram de 15 em 15 dias, às sextas-feiras. Em uma dessas sextas-feiras Maria saiu tarde do serviço e sabendo que não daria tempo para ir ao terreiro, chateada foi para casa. Enquanto caminhava, começou a pensar em um sonho que estava tendo há dias: Seu Zé Pelintra aparecia pra ela e dizia que queria ser o padrinho e ela não entendia, padrinho do que? Maria estava completamente absorta nos seus pensamentos e não percebeu que ela estava próxima de dois garotos sentados na entrada da ruela em que ela morava. Os dois garotos se levantaram e anunciaram o estupro. Maria não tinha nada a fazer, ela estava sozinha e os dois garotos eram mais fortes.

fant-renoirsantos2Ela, sem muitas opções, fechou os olhos para não ver tal atrocidade, qual não foi sua surpresa que ela ouviu algo como dois golpes de capoeira. Os dois garotos caíram mortos ao lado de Maria que, em choque, desmaiou. No dia seguinte acordou no hospital, onde ela descobriu estar grávida e onde contaram-lhe sobre o paradeiro dos dois garotos. Quinze dias depois, Maria foi no terreiro e lá estava seu Zé Pelintra em terra, e quando este avistou Maria, logo lhe disse:

- Em afilhado meu, nego nenhum põe a mão.

Essa história, lenda, relato, verídica ou não, é uma história que me emociona muito, pois tenho nutrido dentro de meu coração um carinho muito grande por seu Zé Pelintra.

O que podemos extrair deste texto é que os guias de fato, olham pela gente, mesmo que não sejamos o cavalo, o instrumento de trabalho, deles, nos mostram que com fé qualquer inimigo pode ser derrubado, qualquer mal pode ser afastado do caminho. Em outras palavras, nunca perca sua fé.

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sábado, 25 de junho de 2011

O Idiota

moedas (1)

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 Réis e outra menor de 2.000 Réis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

- Eu sei. – respondeu o tolo. – Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda.

Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não tem uma boa opinião a nosso respeito.

Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos. O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente. Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação, porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam… é problema deles!

Créditos: JUS- Jornal de Umbanda Sagrada

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

O arrogante

1arroganteVocê é o “Cara”? E eu sou o Exu!

Lá na Bahia, dizem que o cabra quando canta bem, dança bem, fala melhor ainda, requer ser o primeiro da fila nas coisas boas, julga ter os melhores protetores espirituais, fala com todos os Orixás e de Olorum é o escolhido. Da coisas de rezas, todas conhece, firmezas e assentamentos. Os ebós, participou dos mais eficientes. Da Jurema foi mestre e no catimbó, assessorou o Santo. O Candomblé, o traduziu dos africanos e sabe mostrar nos búzios o que vai acontecer.

Nas pradarias e campos abertos, enlaçou o bezerro para os boiadeiros. Cantou no mar para as Sereias. Firmou a balança de Xangô e nas mesmas pedreiras e cachoeiras, projetou o amor que é de Oxum. É um exímio curador e de tanto saber, quer ensinar. Denomina-se o professora dos professores, quando não, o douto se interpõe na cátedra da vida, acima das conquistas, evitando em falsetes os que o questionam e sempre quer aprimorá-los pois considera-se o melhor.

Diz que quando quer, vai às Trevas e ampara-o os de lá o atendendo no que pedir. Noutras, repara os maus dos homens quando o recebe segundo promete, o Senhor do Bonfim. Diz ter amplo trânsito e resolve todos os problemas.

Então dizem que este cabra é o “Cara”! E ele todo cheio de si, fica perguntando: “Quem é o Cara?”
Dizem logo os interessados: “É tu!”
E ele logo sentencia bons agouros para seus fiéis interesseiros.

Mas como ele não vê o ar porque não dá para dominá-lo e assim, ninguém pergunta, mas o ar o vê e registra tudo; então Ogum vai à Lei deixando ele limpar tudo, levando os interesseiros, magos negros, mercadores da falsa fé, egoístas e preguiçosos para com a Luz do Senhor do Bonfim e de Olorum pois sempre tem um Marinheiro às suas esquerdas, remando forte, cercando com suas redes os “peixes” que se emocionaram nas mesmas sintonias.

O sabe-tudo, que é o Cara, vai alimentando-se de ilusões. Parece que não conhece o sofrimento que lhe avisa dos erros e assim vai enganando a todos que nele crêem, sempre com os objetivos que são a coleção do que lhe convêm, sobretudo mais dinheiro, posses e poder. Mulheres também, porém, como ele diz, só as que o reconhecem como Rei.

Falso malandro de conversa fiada encontrou um dia forte capoeira versado e cruzado nas linhas de UMBANDA SAGRADA que humildemente firmava para seu Santo na mata e , incomodado, pediu-lhe o silêncio no favor, ouvindo então que ele é que deveria silenciar-se pois, afinal, estava em frente do homem que era o “Cara”!

Sabendo de sua história, o filho de fé não interveio e na continuidade de suas preces, pediu auxílio para o incômodo.

Caboclo VentaniaPois era o que faltava! Ninguém se atrevera a desafiar o seu enunciado e pretensioso poder. Assim, abriu-se um portal e Exu Tranca Ruas travestido na figura de simples caboclo, surgiu do seu lado anunciando vender cocos e disse:

- Quer coco sinhô? Vendo coco, sinhô! – e ouviu:

- Cabra, tu é louco? Olha quanto coqueiro carregado de frutos que tem aí, e tu vens vender coco aqui? Ouça o que lhe digo pois eu sei de tudo.

-Eu sei, meu rei…. você é o Cara!

Viu neste momento o sorriso soberbo nos lábios do vanglorioso sendo reconhecido que manifestou:

- Óxente, tô vendo que tu não é louco, mas diga lá, cabrinha, o que tu queres, já que me reconheceu? Eu te concedo um pedido. Qualquer coisa, diga lá.

- Hum … não preciso de nada …

- Como não, homem? Tá aí todo rasgado, todo magro e carregando coco que ninguém vai comprear pois tem de graça por aí… diga o que quer, eu concedo, eu sou o Cara.

- Quero nada não sinhô.

- Ora, peça: Quer dinheiro? Quer mulheres? Quer posses?

- Então tá bem, já que o sinhô insiste, eu peço.

- Peça logo que tenho que mostrar pro cabra aí rezando quem sou eu!

- Tá bom. Eu quero ser o CARA!

- O quê? Impossível… só tem um Cara abaixo de Olorum e dos Orixás e acima das Trevas e este cara sou eu.

- Mas o senhor prometeu…

- Ah, mas esse pedido não pode. Tu escolhe outro.

- Mas não pode por quê?

- Porque eu sou o escolhido.

- Mas, e quando tu morrer?

- Ora, eu falo com o maioral das almas e volto.

- Puxa vida! E como o sinhô consegue essa proeza do maioral?

- Ora, eu vou alimentando-o.

- E com quê?

- Óxente, tá querendo saber demais. Com coco é que não é, ha ha ha! Mas é com a vida de idiotas como tu, ha ha ha…

- Deve ser mesmo, sinhô porque o que a gente vê dentro do sinhô é como num coco, só que no coco tem polpa e água e tu, é oco e não tem nada…

- O quê? Como tu ousa falar assim comigo? Agora é que não vai levar nada de bom e ainda vai ganhar um feitiço daqueles.

- O que vai fazer?

- Vou transformar tu num coco… quer ver?

- Quero não, mas duvido que consiga?!

Então o “Cara’ projetou uma das suas magias mais negativas, mas nada aconteceu. Fez de novo e de novo e nada! Resmungou:

- Quem és tu, homem que faz meu poder ser falho contra tu?

- Não sou ninguém, apenas um humilde vendedor de cocos.

- Humilde? O que é isso? Humildade para mim é pobreza de espírito. Eita! E eu perdendo meu tempo com tu.

- Espera aí, sinhô, faz favor, só mais uma pergunta: o sinhô tem fé?

- Mas é lógico, nojento. O que quer perguntando tudo isso?

- Em quem o sinhô acredita… para quem direciona sua Fé?

- Quer saber, idiota, vou te dizer pra depois te destruir nem que seja com a minha peixeira. Eu tenho fé em mim porque os ridículos homens que nem você me dão tudo  quando falo que tenho o poder de realizar o que querem, aí vou inventando estórias que me dão mais poder, e eu fico sendo o “Cara”.

- E o sinhô está feliz sendo o “cara”?

- Lógico, eu tenho um poder imenso sobre as pessoas que me seguem e me procuram e um dia vou ficar muito forte e dominar todo o país, talvez o mundo porque os idiotas sempre querem facilidades para seus benefícios. São medrosos e fáceis de convencer pois é só sentindo medo que acreditam.

- Puxa, realmente o sinhô tem Fé mas a usa erroneamente.

- Ora, seu safado, já perdi tempo demais com tu. Venha cá, prometo que não vai doer e por ter-me oportunado vou enfiar-lhe a faca bem rapidinho no seu coração, tá? Logo você vai estar no céu, ha ha ha;;;

- Não, por favor, eu tenho Fé que só Olorum pode tirar a vida e se alguém o fizer, vai sofrer a maior praga da Lei Maior.

- Ora…não tenho medo de praga. Eu sou o “Cara”. Praga nenhuma me pega. mas já que disse, me responda antes de morrer: qual a maior praga?

- É aquela que afunda para o pior inferno!

- E qual é?

- É a falta de humildade, a mentira que falseia a própria Fé e as dos outros.

- Como é?

- É isso, mas pensei que soubesse pois o senhor não falou que é o “Cara”?

- Sou sim e pela bobagem que falou, vai morrer bem devagarzinho.

Então, o “Cara” sacou seu afiado facão e num golpe certeiro, cortou o pescoço do probre caboclo porém, estarrecido viu que ele nada sentiu e, ao contrário, sentiu o golpe em si, e emdor e prantos a molhar sia garganta, o sangue próprio que lhe vertia já desamparando sua vida.

tranca_ruasAnte o desencarne, sua visão projetou-se no espírito. Viu a figura do Sr. Exu Tranca Ruas. Ouviu sua sentença:

- Trabalho bom que fez para as trevas, hein? Limpou muitos da sua terra para a Lei Maior, he he he… pois saiba que todas estas sombras aí do seu lado são os espíritos dos que você enganou e iludiu em nome da Fé, que semelhantes a você não se pertubaram com a necessidade de aprimorarem os conhecimentos, a razão e a emoção nas Verdades do Espírito. Porque a pior sentença, dentre as piores, é aquela que a soberba, a mistificação, a falta de humildade no saber, a inversão das verdades Divinas, as mentiras, a arrogância faz, no proceder a ilusão e o pior mundo das verdades. Afunde agora, afinal você é o “Cara”, mas eu sou o Exu, he he he!

Ao lado, o humilde guerreiro – o capoeira – encerrou suas preces, agradecendo pois naquele coco que firmara abriu-se o portal que recolheu mais um MISTIFICADOR das coisas de Deus para as Trevas.

O muito mais para baixo. O Embaixo em que todos os “Caras” tem que provar que realmente são os tais, os sabem-tudo, aqueles que pisam no sentimento dos irmãos necessitados de esclarecimentos, de amor, de perdão. Aqueles que contrariam a caridade, o amor e a Fé, escravizando irmãos e a si pelos seus vícios que invertem conhecimentos e retardam a salvação para tantos.

Mas isso aconteceu na Bahia. E nas outras praças, será que existem outros “caras”? Se Exu for visitar a sua, poderá indagar sem ofensas que o “Cara” é tu? Óxente!

Então que Nosso Senhor do Bonfim abençoe a Todos e a Todas as Praças na Graça Maior da Humildade Dele e dos Sagrados Orixás que vêm da Infinita Humildade de Olorum que nos concede TUDO e só pede o reconhecimento de que fazemos parte Dele por Amor, via humildade, respeito e gratidão.

Saravá ao Povo da Bahia!
É da Bahia, óxente!

Mensagem enviada por João Jorge
Lacerda (Lacerdinha) e Vovô Florentino de
Agodô por Douglas O. Elias
Créditos JUS – Jornal de Umbanda Sagrada

Esse texto me fez lembrar uma postagem da @AndreaDestefani em que ela escreveu uma frase magnífica que resume meu pensamento em relação ao “Cara” : “O arrogante não evolui, porque já sabe tudo.” 
E para completar me lembro da resposta que dei ao
@AnjodeAruanda quando tuitou que o primeiro degrau do Paraíso era a Gentileza. Eu respondi que o segundo, era a Humildade. Nós nunca saberemos tudo porque o único que detém tal conhecimento é Deus e mesmo porque se assim o fizéssemos não teria fundamento encarnar e evoluir. E termino essa postagem com essa frase: O cara que é o CARA não se exibe pra ninguém, nem se acha, nem se vangloria, nem pisa nas pessoas, nem esfrega isso no rosto de ninguém, pois seus feitos falam por si, o reconhecimento vem através de seu trabalho, através de seu esforço. E aquele que se acha o CARA geralmente seus feitos dão errados e no fim ele ainda terá que aplaudir aquele que se manteve humilde.

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