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domingo, 8 de setembro de 2013

Formas Plasmadas e Hierarquia Espiritual

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Sabemos que os “espíritos”, já adaptados ao mundo espiritual, conhecedores de alguns dos mistérios que a mente pode acessar através de suas faculdades despertas, conseguem plasmar aparências para seus corpos espirituais e roupas para cobri-los.

Baseado neste conceito simples se assenta um dos mistérios que envolvem as hierarquias e falanges do astral, onde se inclui as linhas de trabalho da Umbanda . Conhecemos linhas de trabalho onde existem milhares e milhares de entidades que usam o mesmo nome e mesma aparência, por exemplo: Caboclo Pena Branca . São muitos que incorporam ao mesmo tempo em vários médiuns, respondendo pelo mesmo “Mistério” (no caso o Mistério Pena Branca), que é chefiado por um hierarca que deu inicio a esta falange, os demais assumem a forma plasmada deste, e por afinidade tem um trabalho parecido de uns com os outros.

Conseguem manter uma comunicação ativa entre os membros da hierarquia, enquanto em trabalho, onde aqueles que estão “acima” tem consciência do trabalho dos que se encontram “abaixo”, em hierarquia, o que garante a responsabilidade da entidade assentada no topo, que é o “dono do nome”, de suster o trabalho dos demais e dá a eles o direito de se apresentarem como tal, pelo nome do “mistério”.

Existem casos de espíritos mal intencionados no astral que tentam se passar por entidades de Lei atuantes na Umbanda, o que é considerado como uma transgressão, e que é dado a devida corrigenda, vejamos dois exemplos citados no livro “As Sete Linhas de Umbanda” de Rubens Saraceni , pg.161:

Caso Nº1 : Certa vez, um espírito zombeteiro baixou numa reunião espirita familiar e apresentou-se como sendo um “nego”, um preto-velho da linha dos João do Cruzeiro. Memorizou a forma plasmada e as vestimentas simbólicas do preto-velho, e logo que pode, “baixou” na reunião e se apresentou como Pai João do Cruzeiro.

O espírito em questão não passava de um arrivista inconseqüente, que tendo sido afastado de um consulente em uma tenda de Umbanda por um Pai João do Cruzeiro, memorizou sua forma plasmada e vestimentas simbólicas, e logo que pode “baixou” na reunião e se apresentou como sendo o preto-velho. O mentor da filha que dirigia o trabalho nada obstou ao pretenso “nego”, que cativou a atenção de todos os encarnados com a sua “humilde“ eloqüência africana. Mas após o encerramento da reunião, o mentor comunicou-se com a hierarquia dos Pai João do Cruzeiro sobre o procedimento incomum de um de seus membros. O caso despertou a curiosidade do próprio hierarca Pai João do Cruzeiro, que na reunião seguinte, ocultado numa aparência “comum”, assistiu mais uma manifestação do impostor, e o identificou como um zombeteiro muito bem disfarçado, que pitou tomou café e até... comeu um saboroso bolo que a filha havia lhe feito, atendendo a um pedido seu da semana anterior. O hierarca Pai João do Cruzeiro permaneceu ali até o final da reunião.

Quando o então todo satisfeito zombeteiro desincorporou, ele o abordou saudando-o reverentemente. Quando o falso Pai João abaixou-se “recurvado” para responder a saudação, algo aconteceu à sua “espinha”, deixando-o curvado e sem conseguir voltar a posição ereta. Por muitos anos, o zombeteiro andou curvado e com a cabeça encostada no solo, pois o hierarca Pai João do Cruzeiro também tirou dele a possibilidade de voltar. Justo castigo a um zombeteiro plasmado de nego, e coberto com uma vestimenta caracterizadora da hierarquia de ação e trabalhos espirituais cujo nome simbólico é “Pai João do Cruzeiro”.

Caso Nº2 : “Andava” por aí, baixando em trabalhos de descarga (descarregos), um certo “Exu Sete Porteiras”, que exigia despachos generosos para desmanchar trabalhos a ele encomendados. E não satisfeito, ainda criava confusões em engiras de esquerda, sempre ostentando a veste de Exu Sete Porteiras. O falso Sete Porteiras era astuto e chegou a ferir um médium que o transportara. Isto despertou a atenção do Exu Guardião do médium, pois num trabalho de descarga tal procedimento é inadmissível! Normalmente o Exu vem, desmancha o trabalho feito e se retira ordeiramente, pois sabe que se ultrapassar certos limites, pagará um preço “dolorido”. Após a reação do Exu Guardião do médium, o Senhor Exu Sete Porteiras ficou alerta e ativou seu mistério para aprisionar o impostor assim que baixasse em alguma sessão de descarrego.

Logo o mistério Sete Porteiras, capturou o falso exú, que outro não era, senão um poderosíssimo “grande das trevas” que havia sido afastado do plano matéria-espirito por um dos exus de lei do mistério Sete Porteiras. Era pura vingança, e para concretizá-la, nada melhor que desarmonizar toda uma hierarquia, pensara o tal “grande das trevas”. Acorrentado, foi conduzido a todos os centros onde causara desarmonias. Depois de ter esclarecido tudo, algo contundente e cortante atingiu-o no metal, reduzindo-o a um ovóide, e em sua dor final ele foi lançado. Justa punição a um “caído” que ousou assumir a forma plasmada dos Exus Sete Porteiras, e cobrir-se com suas vestes simbólicas.

Esses dois casos são exemplos do que costuma acontecer com espíritos que ousam assumir as formas plasmadas alheias ou cobrir-se com vestes simbólicas das hierarquias de ação e trabalhos espirituais identificadoras das hierarquias assentadas do Ritual de Umbanda Sagrada.

Autor: Alexandre Cumino

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Atabaque e Ogã

Pode ser tocado com as mãos ou ainda com baquetas / varinhas especiais feitas de galhos de goiabeiras ou araçazeiros. Seu nome tem origem árabe at-tabaq que significa prato. É feito com a madeira da gameleira.

 

Na madeira o axé de Xangô, nos aros de metal a força de Ogum e Exu e na pele de origem animal a influência de Oxossi.

 

Run – é o maior atabaque com som grave. Run significa rugido.

Rumpí – é o intermediário com som mediano. Run significa rugido e pi imediatamente.

Lé – é o menor atabaque e tem o som mais agudo. Lé significa pequeno.

 

O Run é responsável pelo solo musical. Os outros Rumpí e Lé dão suporte e manutenção do ritmo, assim como repiques e variações.

 

Não devem ser tocados por pessoas não preparadas para esse fim pois poderia acarretar uma quebra de energias existentes no instrumento ou ainda na transmissão de vibrações que não seriam benéficas à pessoa despreparada.

 

Não é qualquer um que pode ser Ogã. Os Ogãs possuem a capacidade de ativar energias, devem ser conhecedores de rezas e fundamentos de cada Orixá, além de saber a hora certa de entoar cada canto e toque, de acordo com a necessidade do trabalho.

 

Ogã Alabê (ou Ogã de Sala) é o comandante dos Ogãs, responsável direto pelos atabaques e instrumentos auxiliares dentro da casa. Tem o dever de ensinar os Ogãs mais novos os toques e cânticos apropriados a cada sessão.

 

Em ioruba e em alguns lugares, a função de Ogã Alabê é dividida entre Otun-Alabê (ogã mais velho e com mais conhecimento) e Ossi Alabê (mais jovem).

 

O alabê deve conhecer a maga dos pontos cantados além dos toques corretos. Normalmente os alabês possuem a facilidade de receber intuitivamente várias cantigas que deverão ser adotadas dentro das necessidades dos trabalhos espirituais.

 

Ogã Calofé está abaixo do Alabê e também deve conhecer os toques, cânticos e instrumentos auxiliares. Os calofés fazem a marcação rítmica adequada a todos os cânticos ritualísticos.

 

Ogã Berê – ogã em fase de iniciação e aprendizado.

 

Ogãs auxiliares – os que tocam outros instrumentos que acompanham os atabaques.

 

Ogãs de Canto ou curimbeiro – responsável pelos cantos do terreiro. Não necessariamente precisa tocar um instrumento.

 

Ogã honorífico – é uma pessoa que não está iniciando, não participa do dia a dia da casa mas tem sua importância na sociedade.

 

Ogã Axogum – só em candomblé pois é o ogã mão de faca, o que faz a matança dos bichos.

 

O mais importante é o ogã ter amor, dedicação e buscar sempre o conhecimento.

 

Ogã tem mediunidade. O que lhe difere da maioria dos médiuns é que a mediunidade se manifesta através do “Dom Musical”.

 

Mediunidade de Lucidez Artística Musicista, age em especial nas mãos e braços em ogãs de couro ou nas pregas vocais em ogãs de canto. Quando preparadas pelas entidades estas regiões são irradiadas e iluminadas pelas forças astrais. Como qualquer médium, veio com uma missão predeterminadas pelas forças superiores. Todo ogã tem obrigação de cuidar de e buscar o aprimoramento de seu dom. Seu desenvolvimento e crescimento mediúnico dependerão exclusivamente de si próprio, pela disciplina, força de vontade, fé e respeito para com as obrigações. Os Ogãs também podem manifestar mais de um tipo de mediunidade.

 

Ekédis são as mulheres que cuidam do terreiro e tudo relacionado aos orixás.

 

Na umbanda, de certa forma, é natural encontramos ogãs que além do dom musical possuem a mediunidade de incorporação.

 

É importante salientar que quando começam a sés, devem a irradiação de seus guias devem pedir autorização para deixar o atabaque e incorporar , prevenindo assim problemas na sessão.

 

Outros tipos de mediunidade também podem se desenvolver como vidência, cura, intuição etc. o mais importante é cumprir o seu dever com amor no coração.

 

Que os ogãs levantem suas mãos aos céus e agradeçam a zambi pelo dom divino que tem, pois é através de suas mãos e canto que os sons sagrados fluem na aruanda dos orixás.

 

Dentro da casa, o ogã deve dar o bom exemplo disciplinar. Deve estar concentrado naquilo que faz, evitando conversas alheias aos trabalhos realizados. O respeito as entidades é primordial. Quando uma delas estiver passando uma mensagem aos membros da casa, os atabaques devem ser silenciados de modo que se facilite a compreensão de todos.

 

Pontos de louvação são cantados os orixás e guias.

Pontos de saudação para homenagear o conga, a religião, ogãs.

Pontos de firmeza solicitam as energias do astral superior,.

Pontos de descarrego são os pontos de defumação

Pontos de chamada para evocação das entidades.

Pontos de demanda são para quebrar demandas e cargas negativas na casa

Pontos de sotaque são como um alerta de que alguém mal intencionado encarnado ou não, está na casa. Esse tipo de ponto de forma indireta, deixa claro que a pessoa deve se retirar no local.

Pontos cruzados irradiam energias de duas ou mais linhas ao mesmo tempo.

Pontos de subida para as entidades que estão indo embora.

Pontos de encerramento são cantados no final da sessão.

Pontos especiais para visitar uma casa, agradecer uma visita.

 

Amaci – banho de infusão de ervas, serve para quebrar e energizar a coroa dos médiuns.

 

Toques da umbanda mais comuns : ijexá, cabula, barra vento, congo de ouro, samba de caboclo, samba de roda, maquelele.

 

Os ogãs obrigam-se a aprender o maior número possível de ritmos., facilitando a harmonização entre canto e toque. Um bom conselho é o treinamento ou seja, ensaio habitual entre aqueles que fazem parte da curimba da casa.

 

Quando não estão sendo empregados nos cultos, os tambores devem estar cobertos pelo Dossel de Oxalá pois é quem traz as energias divinas representativas de Oxalá. O ato de cobrí-los é um sinal de respeito aos instrumentos de maior vibração do terreiro.

 

Ao término dos trabalhos, os instrumentos voltam a ser cobertos.

 

Esta firmeza é simples e deve ser feita pelo alabê ou por outro ogã autorizado ou ainda pelo dirigente espiritual. O ‘;único material utilizado é um defumador em tablete ou incenso. Defumam-se os atabaques saudando em cada um seu orixá correspondente. O incenso é colocado embaixo do atabaque, reza-se um pai nosso e uma ave Maria,.

 

Para trazer mais força e vibração aos ogãs, mãos e couro do atabaque, no final da sessão o ogã deve levantar seu atabaque em frente ao altar para Oxalá solicitando que a carga seja levada para o fundo do mar de Iemanjá. Depois, colocam-se os atabaques no lugar, coloca-se pemba nas mãos e no couro deixando até a próxima sessão.

Para energizar as mãos, coloca-las sobre o altar com as palmas pra cima, firmando a cabeça e pedindo que Oxalá ilumine a você e a sua mediunidade.

 

Água benta nos couros para limpeza, isso é da Umbanda, ou lavar o couro com água do mar para quebrar as forças negativas.

 

Muitas vezes o atabaque funciona como um para raios, atraindo forças que certamente atrapalhariam o terreiro e apesar de toda preparação, firmeza e proteção que neles possa existir, ainda assim seus operadores poderão sofrer certas influências. Por isso as guias são utilizadas também pelos ogãs. As cores da guia de um ogã correspondem as cores dos orixás da casa. Por exemplo : Iansã, Oxalá e Oxossi : miçangas vermelhas, brancas e verdes.

 

Na umbanda, a guia de exu não deve ser colocada passando pela cabeça e sim pelos pés, de baixo pra cima, pois somente os orixás tomam conta da coroa do médium.

 

Demanda é a ação contra algo ou alguém. Devemos tomar o máximo de cuidado pois a inveja e o mau olhado são males tão nocivos que podem exercer uma ação muito mais eficaz que qualquer feitiçaria ou influência de espíritos vingativos e obsessores. E onde entram os ogãs nesse ponto ? pó serem sacerdotes eles precisam adquirir diversos conhecimentos porém muitos deles os aproveitam não só para se defender das forças negativas mas também para ativa-las. Um tocador mal intencionado é capaz de derrubar uma casa, de formar tamanha confusão (quizila) dentro de um terreiro que certas vezes consegue fazer com que alguns velas tombem.os tambores são tão capazes de chamar as entidades de luz quanto os espíritos mais atrasados.l tudo depende da forma como ele toca o couro e sua vontade também. É aí que os Ogãs da casa quando forem firmes no pensamento, preparados e protegidos pois aqueles que fazem sua segurança, atuam contra esse serviço sujo.

Daí vem a importância da firmeza nas obrigações, das proteções de uma boa intuição dos mãos de couro da casa. Quando o atabaque esta bem vibrado pelas forças dos orixás normalmente quem se dá mal é quem esta querendo demandar pois as energias recaem sobre ele. É a famosa lei do retorno que no caso é imediata. Adquirir conhecimento é fundamental pra todos em especial o ogã. Porem saber direcionar esse conhecimento em prol do amor e da caridade atuando contra o mal é o grande objetivo da umbanda.

 

Na umbanda, uma mulher tem total condições para ser uma atabaqueira. Se considerarmos que os Ogãs tem um dom divino, uma faculdade mediunica musical, esta não vem com gênero mas sim com espírito e este por ter origem na essência divina não tem sexo.

Autor: Desconhecido

 

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domingo, 28 de abril de 2013

Caboclo na cultura brasileira e na Umbanda

O Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no seu médium Zélio Fernandino de Moraes, foi a primeira entidade a se manifestar na Umbanda, fundando a religião. Neste dia, foi observado que ele estava com vestes de sacerdote católico e, plasmado como tal, quando questionando por um médium clarividente sobre esta condição, o caboclo afirmou ter sido, em uma de suas encarnações o Frei Gabriel de Malagrida e que na última encarnação, havia tido a oportunidade de encarnar como um índio brasileiro, e que era como índio, que ele queria ser identificado.

Assim, em sua primeira manifestação de Umbanda, a entidade se manifestou como caboclo e ao mesmo tempo ficou claro que desta forma se apresentou por opção, e não por falta de opção. Identificou-se como um espírito muito esclarecido e que facilmente seria reconhecido como autoridade no mundo material, mas preferiu a identificação humilde e despersonalizada de "caboclo brasileiro". Surge então o questionamento do que realmente quer dizer a palavra Caboclo em nossa cultura, e na Umbanda de forma mais específica. O dicionário Aurélio, nos diz que Caboclo é o 1. Mestiço de branco com índio; cariboca, curiboca. 2. Antiga designação do indígena. 3. Caboclo de cor acobreada e cabelos lisos; caburé. 4. Sertanejo.

Um dos maiores pesquisadores, se não o maior, de nossa cultura, folclore e suas influências, Luiz da Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, onde aparece o verbete Caboco (assim mesmo sem o l de caboclo), descreve:

O indígena, o nativo, o natural; mestiço de branco com Índia; mulato acobreado, com cabelo corrido. Morais fazia provir de cobre, cor de cobre, avermelhado. Diz-se comumente do habitante dos sertões, caboclo do interior, terra de caboclos, desconfiado com caboclos. Foi vocábulo injurioso e El-Rei Dom José de Portugal, pelo alvará de 4 de abril de 1755, mandava expulsar das vilas os que chamassem os filhos das indígenas de caboclos: "Proíbo que os ditos meus vassalos casados com as índias ou seus descendentes sejam tratados com o nome de cabouçolos, ou outro semelhante que possa ser injurioso." Macedo Soares registra a sinomínia tradicional do caboclo: caburé, cabo-verde, cabra, cafuz, curiboca, cariboca, mameluco, tapuia, matuto, restingueiro, caipira.

Da antiga denominação de caboclo aos mestiços avermelhados ainda há a imagem da cor maribondo caboclo, boi caboclo, formiga cabocla, pomba cabocla, todas com tonalidades vermelhas ou tijolo. Era até fins do séc. XVIII, o sinônimo oficial de indígena. Hoje indica o mestiço e mesmo o popular, um caboclo da terra. Discute-se ainda a origem do vocábulo, indígena ou africano. Folclore: Gustavo Barroso (Ao som da Viola, Rio de Janeiro, 1921) fixou o "Ciclo dos Caboclos" (403-419) com documentário poético e anedotal. O caboclo no folclore brasileiro é o tipo imbecil, crédulo, perdendo todas as apostas e sendo imcapaz de uma resposta feliz ou de um ato louvável. Gustavo Barroso lembra que essa literatura humilhante é toda de origem branca, destinada a justificar a subalternidade do caboclo e o tratamento humilhante que lhe davam.

Os episódios vem, em boa percentagem de fontes clássicas, com a mera substituição da vitima escolhida. O caboclo é o Manuel tolo, o Juan tonto europeu, aclimatado no continente americano com o nome de João bobo, uma espécie de sábio de Gothan. Há muitas histórias em louvor do caboclo, sua inteligência, registradas no citado livro, assim como no de José Carvalho (um matuto cearense e o caboclo do Pará, 9-15, Belém, 1930). Namoro de caboclo é aquele em que a namorada ignora quem é seu apaixonado. Num outro episódio entre o caboclo, o padre e o estudante, repete-se o motivo do melhor sonho (Mt-1626, de Aarne-Thompson).

Quem tiver o mais bonito sonho comerá o queijo. Pela manhã o padre descreveu a ascensão para o Céu; o estudante sonhara com o próprio paraíso. O caboclo informou que, vendo um dentro do Céu e outro já perto, comera o queijo, porque ambos não mais precisariam. E tinha comido mesmo (Gustavo Barroso, 413-414). É a fábula XVII do Displina Cléricalis, de Padre Afonso (1062-1110), entre dois burgueses e um camponês, a caminho de Meca. Um dos divulgadores da novelística italiana foi Geraldo Sintio (um romano, numero 3 do Ecatommt), que a diz sucedida em Roma, no ano de 1527, com um filósofo, um astrólogo e um soldado. O tema está em quase todos os idiomas, formas e literaturas, dispensando bibliografia ilustradora.

O caboclo aceitou, com a sujeição física, essa popularidade pejorativa para oficializar a inferioridade de seu estado (Luiz da Câmara Cascudo, 30 Estória Brasileiras, "O Preço do Sonho"), 30-32, Porto, 1955. Devíamos escrever Caboco, como todos pronunciam no Brasil, e não Caboclo, convencional e meramente letrado. Caboco vem de Caá, Mato, Monte, Selva; e Boc, Retirado, Saído, Provindo, Oriundo do Mato, exata e fiel imagem da impressão popular, valendo o nativo, o indígena, caboco´bravo, o roceiro, o matuto´bruto, chaboqueiro, bronco, creduo, mas, vez por outra, astuto, finório, disfarçado, zombeteiro. Cabôco, e a pronuncia nacional, mesmo para os letrados que escrevem "caboclo", Caá-Boc, tirado ou procedente do mato, registra Mestre Thedóro Sampaio.

Depois de toda esta explicação de Câmara Cascudo, fica claro o que quer dizer a figura do caboclo em nossa cultura. Com a dizimação do índio em nosso convívio, o tempo vai dissociando sua imagem da palavra, e cada vez mais o vocábulo caboclo vai se tornando na figura de linguagem um homem simples.

Os espíritos que militam na Umbanda, se dividem em falanges ou povos, sejam de caboclos ou de pretos-velhos, baianos, boiadeiros, marinheiros, crianças, ciganos, exu e pomba-gira.

Vemos uma identificação despersonalizada de ego que caracteriza aqueles que estão acima da identidade individual, ou seja, as entidades na maioria das vezes não usam seus nomes de batismo, estando aquém de qualquer identificação, transcenderam a individualidade. São muitos espíritos que usam o mesmo nome como: Pena Branca, Pena Verde, Pena Roxa, Pena Vermelha, Pena Dourada, Flexa Branca, Folha Branca, Sete Flexas, Sete Penas, Sete Folhas, Sete Montanhas, Ventania, Rompe Mato, Urubatão, Ubirajara, Aimoré, Tupinambá, e outros.

Chegamos até a encontrar num mesmo terreiros dois ou mais caboclos que usam o mesmo nome, pois não é seu nome como indivíduo, e sim, um nome que identifica seu trabalho e a força que o rege.

Por exemplo, Pena Branca é de Oxossi e Oxalá; Pena Dourada é de Oxossi e Oxum; Sete Montanhas de Xangô; Ubirajara de Oxossi e Ogum, etc.

Caboclo é um Mistério na Umbanda, uma linha de trabalho, uma falange, um grau, o identificador de entidades que trabalham nesta vibração que está ligada ao Orixá Oxossi, o Orixá das Matas.

Existem caboclos de todos Orixás e todos têm algo em comum que os identificam como tal presentes em sua forma de apresentação.

Nossa essência, nosso, espírito, não têm cor, nem raça. Muitos podem entender o que isto quer dizer, mas viver assim só é possível para aqueles que já se desapegaram da matéria e de sua individualidade, não vivem ou trabalham apenas para si e sim para o todo.

Assim são os Caboclos. Poderíamos escrever páginas e páginas falando sobre o Caboclo na Umbanda, mas, talvez o mais importante, é que eles não sejam subestimados, pois apenas uma coisa é certeza: Embora não pareça, todos eles são muito mais que caboclos. Fato que apenas não é visível ao leigo, pois como caboclos, foi apenas a forma que eles escolheram para se manifestar.


Autor: Alexandre Cumino

 

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Mistérios Naturais

(1)

Salve turminha das ervas. Salve irmãoes e irmãs em Mamãe Natureza.

Estamos aqui firmes e fortes nesse nosso trabalho de formiguinha, disseminando o conhecimento sobre as ervas, d euma forma simples, objetiva, sem rodeios nem mistérios. Por falar em mistérios, quero começar alertando sobre os donos dos mistérios. Isso mesmo, os que se auto intitulam donos de determinadas forças da natureza. Prestem bastante atenção: não se quebra um dogma criando outros.

Uma folha é uma enciclopédia em si mesma. Numa folha está todo o código de uma raça elemental ionteira. Reconhecer a energia numa folha, não estamos falando da energia física, como aprendenmos no colégio, ma energia etérica, espiritual mesmo, enfim reconhecer essa energia é um dom, que pode ser desenvolvido sim. Existem pessoas que nascem com um dom para a música, com uma invejável voz afinada ou com uma habilidade nata para tocar determinado instrumento. Da mesma forma existem pessoas que tem uma sensibilidade natural para os elementos. Sentem as pedras, a água e as ervas.

Esta sensibilidade não é um benefício que Deus dá de presente àquela pessoa em especial, mas sim conquista dela em sua caminhada de aprendizado e conhecimento.

Negar seu dom seria a mesma coisa que vendar um dos olhos e se negar a enxergar com ele. Ou mesmo tapar uma das narinas, ou um dos ouvidos, ou mesmo os dois para não ouvir nada. Muitas pessoas gostariam de nascer com esses dons, mas tem a oportunidade de aqui, nessa jornada carnal, desenvolver pelo menos em parte, uma dessas capacidades.

mediunidadeA mediunidade, ou sexto sentido, ou como chamei aqui simplesmente de sensibilidade, pode ser desenvolvida dentro das suas condições e merecimento. E isso não está diretamente ligado ao plano espiritual humano. O dom de entender e reconheceer as reações das plantas é muito mais comum do que imaginamos. E sempre há quem afirme: acho que não tenho mão boa para plantas… Digo o contrário: pratique!

Tenha alguns instantes diários de contato com suas ervas e plantas ornamentais. Lave as mãos em água fria, com seu sabão ou sabonete preferido, enxagüe com bastante água sem tocar em nada espalme suas mãos sobre as folhas de uma planta… relaxe… solte os ombros, os braços… afrouxe os músculos… respire fundo pelo menos umas três vezes… feche os olhos e sinta a erva… sinta sua aura, sua vibração.

ervas-medicinais[1]Não desista se não sentir nada na primeira vez… a persistência fará com que dia a dia sua sensibilidade aumente. Quando menos esperar, estará em contato com um mundo fantástico, disposto a lhe ensinar, dentro também daquilo que você puder aprender, todo o conteúdo armazenado por milhares de anos de existência.
Os elementos vem participando da evolução humana a incontáveis eras. Uma das formas de entrarmos em contato com essas vibrações é o meio religioso.
A Umbanda como religião da natureza, proporciona um desses meios.

Os guias espirituais, caboclos, pretos-velhos, crianças, exus, etc, são manipuladores, senão naturais, preparados para tal. Conhecedores de como ativar os elementos, mesmo sem muita ritualística , sem folclore, estão ali, com uma folha, uma flor, semente, pedra, enfim, com um elemento natural ativo para o benefício de seu semelhante.

Quando oferendamos um Orixá, seja em seu ponto de forças ou mesmo dentro de nossos terreiros, os elementos ali colocados são manipulados de forma que proporcionem ligação, irradiação ou absorvência de vibrações também.

Não há conhecedores absolutos desses elementos, porque se alguém assim se intitula, se auto-intitula de próprio Criador da Natureza. Somos instrumentos de mais alto, aprendizes do amor pela Mãe Terra, e por todas as Mães que compõem esse magnífico quadro natural.
Saúde, sucesso e muita magia realizadora a todos.

Autor: Adriano Camargo
Créditos: Jornal Aldeia de Caboclos

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Boa Vontade

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Boa vontade é um bem precioso e raro, pois em essência, é uma das bases para todas as realizações superiores. Trata-se de uma das qualidades que Deus delegou ao homem para sua evolução espiritual. Este bem é impelido pelo anseio de que executa. É a disposição para ajudar, mas ajudar pra valer, querendo resolver e com o intuito de colaborar com os outros e com o mundo em que vivemos.

No atual estágio evolutivo da terra, o homem se ajuda pelas mãos dos outros homens, ou seja, os benfeitores espirituais podem nos dar a inspiração, a intuição do caminho a seguir, mas será apenas com as mãos dos próprios semelhantes que poderemos implantar o reino de Deus na terra. Dependemos do amor de uns para com os outros para sobrevivermos e é através da boa vontade que este amor é materializado em nosso orbe.

Amar ao próximo não é apenas sentir compaixão e ficar paralisado comom mero expectador, é agir, e ir ao seu encontro com atitudes concretas, é fugir da inércia, é olhar o outro e a,má-lo como devemos amar a nós mesmos.

Apenas uma atitude de boa vontade diária pode mudar o destino de muitos e pricipalmente o seu. Emprestar um livro, remover um potencial perigo na via pública, ouvir um irmão com paciência e silêncio, indicar alguém para uma oportunidade profissional, conter a irritação, doar um pouco dos seus recursos materiais para instituições filantrópicas, doar de seu tempo para a caridade e cidadania. Eis alguns exemplos de como podemos transformar a teoria em prática.

A má vontade é um dos piores flagelos da humanidade. Com frequência, por descuido de nossa partem adotamos um sentimento de inoperância e preguiça diantes das coisas, às vezes, parece que somos compelidos a fazer tudo pela metade. Tudo mais ou menos.

Vivemos em um mundo atribulado e materialista, onde somos propelidos todos os dias ao egoísmo, a pensar apenas em nós mesmos, frequentemente, nos esquecemos que todos somos habitantes da terra, que nossa evolução além de individual, também é coletiva.

Precisamos deixar para sempre a antiga lei do dente por dente e olho por olho, que impera ainda hoje em nossa sociedade, para nos aproximarmos das máximas de Cristo, nosso modelo e guia.

Autor: Quito Formiga
Créditos: Jornal Aldeia de Caboclos

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PROMOÇÃO – Camiseta de Oxossi

Com o crescimento do número de visitas no blog, bem como das curtidas na página, já passou da hora de uma promoção.


Para prestigiar nossos leitores iremos sortear uma camiseta de Oxossi do nosso Parceiro Umbanda no Peito.

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Para participar, acesse nossa página e leia as regras com atenção: Umbanda – levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá.

Promoção válida apenas para usuários residentes no Brasil.

Boa sorte a todos! :)

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sábado, 5 de janeiro de 2013

Gentileza gera gentileza

70401161Salve sagrados irmãozinhos e irmãzinhas em Mamãe Natureza. Gentileza gera gentileza. Mas será que o mundo tem compreendido isso? O que será a gentileza?

Não quero fazer uma análise linguística, mas de forma bem automática, posso afirmar que a palavra gentileza vem de gentil, de gente, ou poderíamos definir – o que gosta de gente a ponto de ser nobre, amável.

Um dia desses, andando de carro na cidade, parei numa faixa de pedestres para que uma senhora passasse. A senhora tinha dificuldade de locomoção e atravessava devagar.

Coloquei o braço para fora para conter o carro que vinha atrás, que ao parar, não pensou duas vezes em buzinar, dar farol alto, enfim, fazer um escândalo para que eu andasse, independente de estar esperando a pedestre atravessar a rua.

Logo, um motoqueiro que vinha atrás, cortou pela direita e quase, mas quase mesmo, atropelou a senhora. Por pouco, um ato de gentileza, de educação e respeito ao próximo não se tornou o motivo de uma tragédia.

Dei esse exemplo do trânsito, mas podemos perceber isso em todos os locais. Invarialvelmente encontramos aquelas pessoas no comércio, ou em algum local de prestação de serviços, afirmando com o peito inflado: – Sabe com quem está falando?

Normalmente o mal educado é um ser frustrado, que não consegue receber amor, pois afinal, não tem e não o irradia, e naturalmente acredita que o mundo deve lhe servir pela imposição da força.

gentilezaNos terreiros é importante que se observe o comportamento do corpo religioso (médiuns, cambones, curimbas, etc.) dentro e fora do ambiente sagrado, pois afinal é a cara da Umbanda que estará sendo mostrada. E o mundo não perde uma oportunidade de taxar a forma de religiosidade de alguém de acordo com seus atos.

Sentir-se bem no terreiro, amparado pelos seus Guias e pelo ambiente firmado e assentado é tarefa até fácil. Levar consigo esse magnetismo no dia a dia, requer prática, vontade, persistência, coragem, e muitos outros atributos positivos.

Mas dá certo! Quando a gente compreende que as vibrações do congá são contínuas e o tempo todo nos amparam, aprendemos a nos ligar a essa energia benéfica e levá-la para onde formos.

Aprendemos também que há uma diferença entre situações de negativismo (o que é comum a todos nós), e estados de negativismo, principalmente quando o ser está fora do seu ambiente religioso.

Aprendemos que ao respirarmos fundo, elevarmos, mesmo que momentaneamente o pensamento às esferas superiores, sempre “algúem” atende e nos ajuda a sair da situação difícil. Visualizar seu congá e vê-lo irradiando luzes e cores durante essa respiração profunda é muito positivo e ajuda a mudar a vibração rapidamente.

Guarde na memória dois ou três momentos felizes da sua vida, e quando perceber que está perdendo o equilíbrio, ficou nervoso com alguma situação, e penderá para o lado que o tornará grosseiro, mal educado, enfim, anti gentil, lembre-os e procure através dessa memória visual, voltar o mais próximo do equilíbrio.

ajuda

Seja umbandista dentro e fora do terreiro. Gentil não apenas com seus irmãos de Fé, mas com o mundo. E verá que isso se multiplica e retorna com muita força. Gentileza e amabilidade não são demonstrações de fraqueza. Para ser gentil é necessário muita força. Pense nisso também.

Ao acordar, afirme que seu dia será perfeito, muito bom mesmo, e reconheça-se como filho(a) de Deus, merecedor de tudo de bom nessa vida!

Eu gosto muito de algumas rezas, e uma que sempre recorro para os momentos triste ou de energias densas é a Prece de Cáritas. Muito obrigado a todos.

Autor: Adriano Camargo
Créditos: JUS – Jornal
de Umbanda Sagrada

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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Tradição ou Ostracismo?

“A Umbanda, como religião libertadora, tem nos seus estudos a garantia da Liberdade.”

16 orixás 01A Umbanda é uma religião muito nova, 103 anos, que traz em seu colo influências de muitas culturas e religiões, sendo predominante a cultura religiosa africana, fruto do nosso culto aos Orixás – Yorubá, divindades cultuadas na Nigéria.

Claro que a forma como a Umbanda se relaciona com os Orixás é bastante diferente que o Culto de Nação. Cito isso pois um termo típico da cultura africana é usado dentro da Umbanda, trata-se do que se chama de Tradição, afinal o que é tradição?

Para não me alongar quero adiantar que o conceito de Tradição no africanismo também é diferente do que ocorre na Umbanda, e como sou Umbandista só posso neste momento falar de Umbanda. A Umbanda neste primeiro século evoluiu muito e vai evoluir, cresceu e vem tomando forma, ainda não dá para prever sua forma, pois ela ainda está no processo de firmamento e construção de uma identidade.

zellio[1]Desde Pai Zélio de Moraes, sempre existiram reuniões no terreiro para estudos acerca da Umbanda e da espiritualidade. O tempo foi passando e, há mais de 30 anos, Pai Ronaldo Linares, baluarte da religião que conviveu com Pai Zélio de Moraes, criou o curso Sacerdócio Umbandista. Pai Jamil Rachid também desenvolveu um curso de casamento, batizado e funeral para sacerdotes, ao que consta um dos primeiros cursos com esta temática para dirigentes. O motivo é que os candidatos à Sacerdote de Umbanda, que tenham sido outorgados pelos guias espirituais, pudessem receber uma estrutura teórica e conceitual do que se trata o Sacerdócio. Centenas de terreiros de Umbanda surgiram a partir desses líderes conscientes e conscientizadores.

Toda religião, independente de seus templos, criam núcleos de estudos sobre sua Teologia, bem como assuntos correlacionados e, estranhamente, nas outras religiões isso não é um problema, muito pelo contrário, isso nada mais é que a constatação de uma organização e estruturação da religião, pois sabem seus idealizadores que um fiel consciente é um fiel convicto, que um fiel consciente é um fiel fortalecido, que um fiel consciente é um fiel producente.

No entanto, nos últimos tempos falar de estudos dentro da Umbanda é um problema, não para os fiéis preocupados com a evolução, mas sim para os tiranos dirigentes que evocam a tal Tradição, como se tradição fosse o enclausuramento do fiel ao terreiro. Pois pensam e transmitem a ideia de que Umbanda em toda sua simplicidade e complexidade se resume ao terreiro ou às suas experiências pessoais. Presos no orgulho não reconhecem a importância de estudar os vários assuntos que envolvem a religião Umbanda, pois também não a estudam e temem serem questionados. Querem na verdade fechar “seus filhos” numa ostra e ser reconhecido como o único detentor do saber.

Tradição espiritual pelo que aprendi no terreiro, conversando com o Preto Velho, Caboclo, enfim, é evolução constante, ampliação dos horizontes da consciência e do coração, de modo que apenas a realidade do terreiro é uma forma.

turibuloParticularidades do terreiro e da espiritualidade, somente o convívio oferece, o dia a dia no terreiro, as prosas com os guias, o convívio com o pai ou mãe do terreiro, com os irmãos, com o toque do tambor, com a fumaça do turíbulo, ah… estas coisas não tem estudo que transmita, claro que não! Mas explicam.

Por isso não podemos confundir Tradição com Ostracismo. Precisamos repudiar estes discursos que promovem a alienação dos religiosos Umbandistas, que centralizam os incautos entorno do peudo-mártir.

Umbanda precisa de estudos e escolas organizadas da mesma maneira que precisa se politizar, pois tudo isso corrobora para o seu crescimenteo, alicerçamento e reconhecimento. Eu militarei pela educação Umbandista, pois acredito que este é o caminho da evolução.

Eu sinto a Umbanda, eu vibro a Umbanda, eu amo a Umbanda, desde o primeiro contato com ela, mas tenho que confessar, ela fica mais encantadora, colorida e brilhante a cada novo conhecimento que tomo sobre ela, pois vou percebendo o amor de Olorum, que criou uma religião onde Ele pudesse se manifestar sem véus, ainda que tentem cobri-lo com uma Burca (traje feminino que esconde toda a mulher, como dita a Tradição Islã).

Obrigado aos grandes baluartes da Umbanda que por serem estudados sempre contribuíram para uma Umbanda estudada. Por isso digo que a Umbanda não é uma religião ideal, mas o ideal de religião! Saravá!

Autor: Rodrigo Queiroz
Créditos: JUS – Jornal de
Umbanda Sagrada

Imagens:

Turíbulo retirado do site: http://www.papefi.com.br/index.php?uri=L2RvL1Byb2R1dG9zLzMy

Zélio de Moraes retirado do site: http://jornalkibanazambiaxeecia.com/gpage6.html

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A Pemba

8f885cc481ed36d1ea29e466dbc17497A Umbanda tem no uso da pemba um dos seus recursos mágicos e ela pode ser usada de várias formas, tais como:

  • Para riscar pontos cabalísticos;
  • Para cruzar os filhos de fé;
  • Para pós-purificadores;
  • Para limparem pessoas;
  • Para cruzarem imagens ou outros objetos;
  • Para assentamentos;

Pemba significa e é um elemento mágico mineral.

A confecção das pembas acontece desta forma: um mineral, tipo calcário (um gesso) branco é moído e coado, depois é moldado em formas ovais que lhe dão uma forma de fácil manuseio e de boa resistência, não sendo muito duro nem muito mole.

A pemba ideal é aquela que risca facilmente sem esfarelar-se.

Os guias espirituais gostam de riscar pontos cabalísticos quando vão trabalhar. Cada um com seu próprio ponto, raramente repetido por outros guias, ainda que alguns símbolos, signos e ondas sejam comuns.

Porém sempre vemos diferenças entre os pontos de guias pertencentes a uma mesma linha ou corrente de trabalho espiritual.

As pembas podem ser consagradas ou não, tudo depende da orientação dos guias espirituais.

Uma Consagração Simples, pode ser feita por todos os médiuns e se processa dessa forma:

  1. Risca-se um círculo, firmam-se sete velas coloridas sobre ele e uma vela branca no centro.
  2. Colocam-se as pembas brancas ou coloridas (menos a de cor preta) dentro dele.
  3. Evoca-se Deus e os sagrados orixás, pedindo-lhes irradiação sobre aquele círculo e a imantação das suas vibrações divinas sob as pembas ali colocadas. E que as consagrem para serem usadas segundo as necessidades dos guias e dos médiuns (para riscarem pontos, cruzarem pessoas, fazerem pós-específicos, tornando-as condensadoras e anuladoras de energias negativas, etc).

Após a queima das velas, devem ser recolhidas as pembas já consagradas pelos sagrados orixás e guardadas em uma caixa ou serem envolvidas em tecidos com suas respectivas cores, só voltando a manuseá-las em caso de uso.

Esta forma de consagração é a mais simples de ser feita. Sendo realizada dentro do congá ou na casa do médium, em um local adequado.

e9356c67c416cd16f64128404721c49dUma Consagração Específica, também existe e processa-se de uma forma diferente, pois é feita nos campos vibratórios que devem ter a cor da irradiação na qual trabalham os guias.

  1. Faz-se uma oferenda ritual ao guia espiritual no campo da sua irradiação principal, (mata, pedreira, cachoeira, cemitério, mar, etc.) e deposita-se dentro dela – cercada por velas na cor da pemba – a(s) pemba(s) que se deseja consagrar.
  2. Após isso feito, o médium deve incorporar o seu guia (da direita ou da esquerda) e um cambone deve dar-lhe a que ele pedir, com as pembas a serem consagradas.
    Os guias espirituais têm “mãos de pemba” as imantarão e concentrarão nelas as vibrações de todas as irradiações divinas nas quais foram iniciados e de cujas vibrações retiram símbolos, signos e ondas que escrevem nos seus pontos.
  3. Após o guia consagrá-la(s), o cambone deve colocá-la dentro do círculo da oferenda e deixá-la em imantação até que o guia desincorpore e o médium agradeça aos orixás e ao seu guia por consagrarem a(s) sua(s) pemba(s).
  4. Após os agradecimentos, o médium deve envolver a(s) sua(s) pemba(s) em tecido da mesma cor e guardá-la, só voltando a manuseá-la se for riscar algum ponto cabalístico.

O local ideal no congá para guardar as pembas consagradas desta forma é atrás das imagens dos orixás e guias (se nos seus altares tiverem-nas) ou em um compartimento dele, oculto dos frequentadores do seu centro.

No caso de serem membros de um centro, devem guardá-las em suas casas, porém mantê-las encobertas e acondicionadas em uma caixa fechada e fora do alcance dos seus familiares.

por Rubens Saraceni
Créditos: JUS – Jornal de Umbanda Sagrada

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Exu não pode

bigPhoto_1Recentemente, um jornal carioca destacou o caso de uma professora proibida de usar o livro “Lendas de Exu” em uma escola municipal. A professora é umbandista e a diretora da escola é evangélica. É cada vez mais comum que professores e alunos de candomblé ou umbanda sejam discriminados nas escolas. A pergunta é: por que Jesus pode estar em um livro para o ensino religioso católico, destinado à rede pública, e Exu não pode? Exu não entra na escola porque este país é racista, e o racismo está presente na escola. Acredito também que atravessamos uma fase de avanço conservador na educação pública. A manutenção da oferta de ensino religioso na Constituição de 88, a aprovação deste como confessional no Rio, os livros didáticos católicos, a Concordata Brasil-Vaticano, são vitórias silenciosas que ampliam e legitimam as circunstâncias necessárias para discriminações como essa.

A mãe-de-santo Beata de Yemanjá diz: “Pensam que o Brasil é uma coisa só e nos discriminam. Isso é racismo.” Para o pesquisador Antônio Sérgio Guimarães, o racismo brasileiro é heterofóbico, a negação absoluta das diferenças implicando um ideal, explícito ou não, de homogeneidade (ou uma coisa só, como diz Beata).

umbanda-lendas-de-exu-martins-adilson_MLB-O-89671249_5353Quando uma escola proíbe um livro de lendas africanas ela discrimina culturas afrodescendentes. Exu é negro. Um poderoso e imenso orixá negro. É o orixá mais próximo dos seres humanos porque representa a vontade, o desejo, a sexualidade, a dúvida. Por que esses sentimentos não são bem-vindos na escola? Porque a Igreja católica tratou de associá-lo ao seu diabo e muitas escolas incorporam essa lógica conservadora, moralista e racista. O Exu proibido afirma que este país tem negros com diferentes culturas que, se entendidas como modos de vida, podem incluir diferentes modos de ver, crer, não crer, sentir, entender e explicar a vida. Positivo foi que muitos professores e professoras criticaram o ocorrido, o que mostra que também a escola não é “uma coisa só”. É nas suas tensões cotidianas que devemos lutar contra o racismo.

As culturas com suas religiões fazem parte do ensino de História da África. Como é que vai ser? Pais e professores arrancarão as páginas desses livros? Ou eles já serão confeccionados mutilados pelo racismo? Respondo com a saudação ao orixá excluído da escola: Laro oyê Exu! Para que ele traga mais confusão e com ela, o movimento, a comunicação, a transformação onde reina.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2009/11/23/exu-nao-pode-243603.asp

por: Stela Guedes Caputo
Créditos: JUS – Jornal de Umbanda Sagrada

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