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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Tradição ou Ostracismo?

“A Umbanda, como religião libertadora, tem nos seus estudos a garantia da Liberdade.”

16 orixás 01A Umbanda é uma religião muito nova, 103 anos, que traz em seu colo influências de muitas culturas e religiões, sendo predominante a cultura religiosa africana, fruto do nosso culto aos Orixás – Yorubá, divindades cultuadas na Nigéria.

Claro que a forma como a Umbanda se relaciona com os Orixás é bastante diferente que o Culto de Nação. Cito isso pois um termo típico da cultura africana é usado dentro da Umbanda, trata-se do que se chama de Tradição, afinal o que é tradição?

Para não me alongar quero adiantar que o conceito de Tradição no africanismo também é diferente do que ocorre na Umbanda, e como sou Umbandista só posso neste momento falar de Umbanda. A Umbanda neste primeiro século evoluiu muito e vai evoluir, cresceu e vem tomando forma, ainda não dá para prever sua forma, pois ela ainda está no processo de firmamento e construção de uma identidade.

zellio[1]Desde Pai Zélio de Moraes, sempre existiram reuniões no terreiro para estudos acerca da Umbanda e da espiritualidade. O tempo foi passando e, há mais de 30 anos, Pai Ronaldo Linares, baluarte da religião que conviveu com Pai Zélio de Moraes, criou o curso Sacerdócio Umbandista. Pai Jamil Rachid também desenvolveu um curso de casamento, batizado e funeral para sacerdotes, ao que consta um dos primeiros cursos com esta temática para dirigentes. O motivo é que os candidatos à Sacerdote de Umbanda, que tenham sido outorgados pelos guias espirituais, pudessem receber uma estrutura teórica e conceitual do que se trata o Sacerdócio. Centenas de terreiros de Umbanda surgiram a partir desses líderes conscientes e conscientizadores.

Toda religião, independente de seus templos, criam núcleos de estudos sobre sua Teologia, bem como assuntos correlacionados e, estranhamente, nas outras religiões isso não é um problema, muito pelo contrário, isso nada mais é que a constatação de uma organização e estruturação da religião, pois sabem seus idealizadores que um fiel consciente é um fiel convicto, que um fiel consciente é um fiel fortalecido, que um fiel consciente é um fiel producente.

No entanto, nos últimos tempos falar de estudos dentro da Umbanda é um problema, não para os fiéis preocupados com a evolução, mas sim para os tiranos dirigentes que evocam a tal Tradição, como se tradição fosse o enclausuramento do fiel ao terreiro. Pois pensam e transmitem a ideia de que Umbanda em toda sua simplicidade e complexidade se resume ao terreiro ou às suas experiências pessoais. Presos no orgulho não reconhecem a importância de estudar os vários assuntos que envolvem a religião Umbanda, pois também não a estudam e temem serem questionados. Querem na verdade fechar “seus filhos” numa ostra e ser reconhecido como o único detentor do saber.

Tradição espiritual pelo que aprendi no terreiro, conversando com o Preto Velho, Caboclo, enfim, é evolução constante, ampliação dos horizontes da consciência e do coração, de modo que apenas a realidade do terreiro é uma forma.

turibuloParticularidades do terreiro e da espiritualidade, somente o convívio oferece, o dia a dia no terreiro, as prosas com os guias, o convívio com o pai ou mãe do terreiro, com os irmãos, com o toque do tambor, com a fumaça do turíbulo, ah… estas coisas não tem estudo que transmita, claro que não! Mas explicam.

Por isso não podemos confundir Tradição com Ostracismo. Precisamos repudiar estes discursos que promovem a alienação dos religiosos Umbandistas, que centralizam os incautos entorno do peudo-mártir.

Umbanda precisa de estudos e escolas organizadas da mesma maneira que precisa se politizar, pois tudo isso corrobora para o seu crescimenteo, alicerçamento e reconhecimento. Eu militarei pela educação Umbandista, pois acredito que este é o caminho da evolução.

Eu sinto a Umbanda, eu vibro a Umbanda, eu amo a Umbanda, desde o primeiro contato com ela, mas tenho que confessar, ela fica mais encantadora, colorida e brilhante a cada novo conhecimento que tomo sobre ela, pois vou percebendo o amor de Olorum, que criou uma religião onde Ele pudesse se manifestar sem véus, ainda que tentem cobri-lo com uma Burca (traje feminino que esconde toda a mulher, como dita a Tradição Islã).

Obrigado aos grandes baluartes da Umbanda que por serem estudados sempre contribuíram para uma Umbanda estudada. Por isso digo que a Umbanda não é uma religião ideal, mas o ideal de religião! Saravá!

Autor: Rodrigo Queiroz
Créditos: JUS – Jornal de
Umbanda Sagrada

Imagens:

Turíbulo retirado do site: http://www.papefi.com.br/index.php?uri=L2RvL1Byb2R1dG9zLzMy

Zélio de Moraes retirado do site: http://jornalkibanazambiaxeecia.com/gpage6.html

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